Comissões de alunos fantasmas de cursos inexistentes, documentos falsificados e uma série de irregularidades são apontados por acadêmicos que estavam habilitados e que se recusaram a participar, em Foz do Iguaçu, do 42º Congresso da União Paranaense de Estudantes – UPE, cujo objetivo era eleger a nova diretoria da entidade. O que houve, no entanto, foi uma grande fraude para beneficiar os atuais diretores, dispostos a se perpetuar no poder.
Para protestar contra o estado de coisas provocado pela atual diretoria da UPE, Diretórios Centrais dos Estudantes e Centros Acadêmicos convocaram no sábado (20/6) em Curitiba, uma plenária do movimento estudantil. Em clima de protesto e indignação, mais de cem estudantes debateram sobre a atual situação do movimento estudantil e discutiram que posição tomar, não reconhecendo a legalidade do Congresso fraudulento realizado em Foz do Iguaçu.
No encontro de Curitiba os universitários denunciaram que há dois meses estavam se organizando para participar do Congresso da UPE, e que neste período presenciaram diversas irregularidades nas eleições de delegados.
O Secretário Geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), Ubiratã Cassano, participou da plenária de protesto e apoiou as decisões tomadas. Ele batizou o movimento dissidente como “Plenária do Movimento Estudantil Real”
As fraudes
De acordo com Kauana Velloso, integrante da Comissão de Organização e Credenciamento do Congresso da UPE, que resolveu não participar da fraude, “são vários os casos de grupos de alunos fantasmas que conduziram o processo eleitoral”. Ela revela também que “nomes de alunos divulgados no site da UNE não existem, como não existem os cursos nos quais estes alunos estariam matriculados”. Afirma ainda que foram falsificados documentos de diversas instituições aumentando o número de alunos, e dessa maneira inflando artificialmente o quadro de delegados. O Congresso da UPE se transformou num castelo de fantasmas.
O Diretório Central de Estudantes da PUC-PR, a maior universidade particular do Paraná, teve problemas para o credenciamento dos seus delegados. Acabou ficando de fora do processo. Douglas Lopes, um dos integrantes do DCE da PUC, afirmou que o processo foi antidemocrático: “Saímos das eleições internas na PUC, onde participaram mais de 6 mil votantes. As argumentações para deixar a PUC de fora do processo foram infundadas. A grande maioria decidiu não ir ao Congresso por não concordar com a situação”, critica Lopes.
O presidente do Diretório Central de Estudantes da Tuiuti, José de Mello Filho, o Zeca, disse que “não há como legitimar um Congresso onde a fraude pura e simples acontece. A posição da diretoria do nosso DCE foi unânime em não participar delas”.
Já a presidente do DCE da Uniandrade, Fabíola Benvenutti defende que toda a documentação seja entregue à Justiça. “Infelizmente essa é a situação que a atual diretoria da UPE colocou a entidade. Este Congresso da UPE é caso de polícia e a Justiça tem de dar seu parecer”.
Eleições complicadas
Se não bastassem as fraudes, em algumas universidades, conforme vários estudantes, as eleições tinham duas ou mais chapas inscritas, mas a votação foi adiada inúmeras vezes sem qualquer aviso prévio.
As comissões eleitorais, comandas pela atual gestão da UPE, realizaram o processo sem conhecimento público. “Se nem as chapas sabiam, os acadêmicos muito menos e, portanto não participaram de qualquer eleição”, relata Tatiane Belmonte, estudante das Faculdades Guarapuava.
O estudante de Pedagogia, da Universidade Federal do Paraná, Rudá Morais Gandin, defende que um novo movimento estudantil precisa ser pensado. “Não dá para as entidades estudantis só aparecerem a cada dois anos, nas eleições de suas diretorias. O movimento precisa existir de verdade”.
Os estudantes da Universidade Estadual do Norte Pioneiro, Eduardo Magalhães e Diones Campos, eram delegados ao congresso da UPE, mas preferiram não ir a Foz do Iguaçu. Optaram pela plenária em Curitiba. “Não dá para participar de um congresso onde a fraude impere”, frisou Diones.
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Congresso de Foz não teve quorum legal
O questionado 42º Congresso da União Paranaense dos Estudantes, em Foz do Iguaçu teve um quorum baixíssimo de participantes. Só cerca de 30% dos estudantes eleitos como delegados estiveram do evento.
Dos quase 320 universitários aptos a representar sua instituição, pouco mais de 100 retiraram crachá de participação. “A baixa presença reforça a falta de credibilidade e legitimidade desse Congresso, a maioria dos estudantes optou por não comparecer”, afirma o representante das Faculdades Estácio-Radial, Luiz Cândido de Oliveira.
Em Curitiba, onde se realizou o movimento paralelo, os Diretórios e Centros Acadêmicos presentes aprovaram uma carta onde afirmam não legitimar o 42º Congresso em Foz do Iguaçu e convocam um Conselho de Entidades de Base (CEEB), que reúne todos os Centros Acadêmicos do Paraná para, em 11 de agosto (Dia do Estudante) definir os rumos da UPE de forma oficial e legal. Deram entrada também a uma ação na Justiça apontando as fraudes que ocorreram.
2 comentários:
Não há no estatuto da entidade a expressão "quorum". E mesmo que ouvesse, a presença foi de 58% dos delegados.
:)
Luiz Henrique:
O pessoal da UPE, além de fraudulento e corrupto, pelo jeito é também analfabeto: 'OUVESSE'. O que é que é isso?
Não envergonhe a tua classe, vá estudar português, cara!!!
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